Susana Carvalho | Culture Setting | Managing Partner
Esta pandemia veio ensinar-nos que o “business as usual” acabou ou que, pelo menos, já não é suficiente. Para nos tornarmos “future fit”, como se diz atualmente, precisamos de ser melhores naquilo que fazemos hoje, de inovar já para amanhã e de estar atentos às tendências de um futuro que emerge. Isto é válido não só para cada um de nós, mas também para as empresas.
Passo 1: Começar por fazer a Balance Sheet Pessoal para consolidar competências
No início da Pandemia, há um ano atrás, o professor Nadim Habib da Nova SBE começou por nos recomendar a todos que fizéssemos a nossa Balance Sheet Pessoal – https://youtu.be/Lh-ONmd9JeY – uma ideia muito simples, no entanto, essencial. Depois de identificarmos as nossas fontes de rendimento e custos (P&L), por forma a garantir a nossa sobrevivência, devemos refletir e focarmo-nos nos assets pessoais, com o objetivo de nos preparamos para o futuro. Seja em que função for, trabalhador por conta própria, ou por conta de outrem, é fundamental compreender o que temos para oferecer ao mercado (interno ou externo; local ou global) e o que nos distingue. É fundamental ainda compreender aquilo que pode limitar o nosso sucesso. Esta é a fonte da nossa vantagem competitiva pessoal e de empregabilidade hoje e num futuro próximo.
“Depois de identificarmos as nossas fontes de rendimento e custos (P&L), por forma a garantir a nossa sobrevivência, devemos refletir e focarmo-nos nos assets pessoais, com o objetivo de nos preparamos para o futuro (Nadim Habib, 2020).“
Passo 2: Desenvolver uma Growth Mindset para ativar potencial
Se potencial é a capacidade que cada um de nós tem para se adaptar, evoluir e crescer para papéis novos e ambientes cada vez mais complexos, então, a questão já não é apenas a de termos as competências certas; a questão é se temos a predisposição necessária para adquirir competências novas. Competências para lidar com contextos ainda desconhecidos. O nosso sucesso de forma continuada requer uma mentalidade de aprendizagem ou aquilo a que Carol Dweck designa como Growth Mindset. Trata-se de um conceito do qual provavelmente já ouviram falar – https://youtu.be/75GFzikmRY0; https://youtu.be/wh0OS4MrN3E. E é para ser levado a sério. Só com uma atitude de elevada orientação para a aprendizagem, estaremos em condições de aprender continuamente. E tal, pressupõe corrermos mais riscos, expormo-nos mais perante terceiros e situações novas e que não controlamos, perder o medo da exposição e o medo de não termos respostas ou soluções. Sobretudo perder o medo de falhar ou até do ridículo.
Trata-se também de trazer para o universo da performance, a dimensão do prazer e da diversão – aquilo a que Timothy Gallwey designava como jogar para aprender e ativar potencial, por oposição ao jogar para ganhar. Crescemos muitíssimo mais se nos expusermos a terrenos desconhecidos e de maior experimentação.
“Só com uma atitude de elevada orientação para a aprendizagem, estaremos em condições de aprender continuamente.“
Passo 3: Criar infraestrutura para uma aprendizagem ao longo da vida
Quer estejamos a 10, 20, 30 ou 40 anos da reforma, a aprendizagem ao longo da vida deverá ser uma prioridade, como propõe a professora Lynda Gratton neste podcast: https://open.spotify.com/episode/3vmUGU6lQ8IKYFJ1i2OTBQ. No entanto, como poderemos preparar-nos para este aparente paradoxo – para um futuro que nos é, em parte, desconhecido?
- Desenvolvendo maiores níveis de profundidade na função atual, naquilo em que somos muito bons a fazer; o que a autora designa como Upskilling – melhores no que fazemos hoje, sempre. Ou, desenvolver competências novas para novas funções – O segredo está em nos mantermos sempre atentos às tendências e à evolução do mercado, para nunca corrermos o risco de nos tornarmos obsoletos ou de cristalizar.
- Desenvolver o Software Humano – Tornarmo-nos cada vez mais robustos comportamentalmente. É essa flexibilidade e agilidade comportamental que nos permitirá ser bem-sucedidos, quer em processos de Reskilling, quer de Upskilling.
- Cuidar da nossa vitalidade, felicidade e produtividade. A saúde mental será crítica num mundo onde viveremos até aos 100 anos. E será este talvez o maior desafio dos tempos atuais. Nenhum Upskilling ou Reskilling sobreviverá a uma mente em desequilíbrio. A autora deixa-nos alguns caminhos:
- Reconectarmo-nos com as nossas emoções e consciência
- Promovermos o equilíbrio na nossa vida
- Nutrir relações generativas no trabalho e em casa
- Construir redes de trabalho e pessoais colaborativas
Hoje em dia, precisamos de desenvolver a nossa resiliência para sermos capazes de nos mantermos seguros e assegurarmos a nossa homeostasia e, em simultâneo, crescermos e evoluirmos por forma a garantir a nossa evolução e capacidade de adaptação. Estimulante 😊 ou angustiante ☹️?